segunda-feira, 15 de junho de 2015

Exposição: Mulheres Artistas: As Pioneiras (1880-1930)

Mulheres Artistas: As Pioneiras (1880-1930)

A participação da mulher nas artes plásticas brasileiras é o tema da exposição "Mulheres Artistas: As Pioneiras (1880-1930)", que tem inauguração neste sábado (13) a partir das 11h, na Pinacoteca de São Paulo.

Obras de Tarsila do Amaral e Nicota Bayeux fazem parte da mostra, que tem como objetivo mostrar a inserção das mulheres na área e a formação que tiveram acesso, considerando que foram contra os discursos da época, que as restringiam ao ambiente doméstico.

As obras selecionadas fazem parte do recorte temporal que vai de 1880 até 1930, no modernismo, quando as mulheres passaram a ganhar mais destaque nas artes.

Dividida em duas salas, a mostra aborda, na primeira, o estudo do desenho dos corpos feminino e masculino, partindo do modelo antigo de desenho e pintura.

Na segunda sala, uma variedade de gêneros artísticos ganham destaques, retratando como as artistas absorveram as regras e criaram seus próprios métodos.

O público poderá conhecer obras e artistas que, por questões de gênero, foram excluídas dos tradicionais círculos artísticos.

"Mulheres Artistas: As Pioneiras (1880-1930)" tem curadoria de Ana Paula Simioni e Elaine Dias e acompanhamento da Fernanda Pitta, da Pinacoteca.

Serviço:

Mulheres Artistas: As Pioneiras (1880-1930)
Quando: De 13 de junho a 6 de setembro de 2015
Funcionamento: terça a domingo, das 10h às 18h, bilheteria até as 17h30
Onde: Pinacoteca de São Paulo - Praça da Luz, 2, Estação da Luz
Quanto: Ingresso (Pinacoteca + Estação Pinacoteca): R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
Sábados - entrada gratuita

Mais informações: www.pinacoteca.org.br

 

 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Exposição: Museu Afro Brasil - "Projeto Africa Africans"


Museu Afro Brasil realiza grande exposição sobre arte africana contemporânea

O Museu Afro Brasil promove a partir do dia 25 de maio, dia Internacional da África, a maior mostra de arte contemporânea africana já realizada no nosso país. Com programação que inclui instalações, pinturas, vídeos, esculturas, moda e um encontro para discussões com os artistas, o projeto Africa Africans, que conta com o patrocínio do Banco Itaú e da Odebrecht, traça um panorama da recente criação visual do continente por meio de obras de artistas de diversos países africanos. A entrada é gratuita e aberta para todas as idades. 

 A exposição conta com cerca de 100 obras, de mais de 20 artistas, em diversos suportes e linguagens, além de outras obras de arte africana, pertencentes ao acervo do museu e à coleção particular de Emanoel Araujo, diretor curatorial do Museu. 

 A exposição tem foco na criação de artistas africanos, nascidos e residentes no continente ou fora dele, assim como artistas de origem africana que, mesmo tendo nascido fora da África, dialogam com a pluralidade de experiências estéticas e sociais presente nas diversas regiões do continente.

 No Brasil, os fios que nos unem ao continente e que durante muito tempo ficaram esquecidos e escondidos pelo racismo cordial característico da sociedade brasileira nos impelem a buscar uma África que é, muitas vezes, criada pelo imaginário. A imagem da África veiculada pela mídia brasileira é frequentemente miserabilista ou então sonhada e idealizada, aquela das práticas culturais originárias de uma África que já não corresponde à atual.

A primeira etapa do Africa Africans aconteceu no último dia 17 de abril, parte do calendário da 39ª edição do São Paulo Fashion Week (SPFW), onde o museu teve a honra de receber a mostra Africa Africans Moda e apresentou os trabalhos de cinco estilistas africanos: Palesa Mokubung (África do Sul); Amaka “Maki” Osakwe (Nigéria); Jamil Walji’ (Quênia); Xuly Bët (Mali) e Imane Ayissi (Camarões). A mostra de moda ocorreu no espaço central do museu e teve a curadoria do nigeriano Andy Okoroafor, reconhecido editor e diretor de arte, clipes musicais e moda em Paris, França.

 
EXPOSIÇÃO 

Uma das obras de maior destaque da Africa Africans será a colossal “The British Library”, do artista plástico nigeriano-britânico Yinka Shonibare MBE. Nascido em Londres em 1962, Shonibare foi criado na Nigéria e voltou para capital inglesa para estudar Artes, dando início à sua trajetória artística. Sua instalação é formada por 6.225 livros coloridos encapados por tecidos dutch wax – conhecidos como ‘tecidos africanos’, mas fabricados na Holanda com uso de técnicas inspiradas na arte milenar do batik indonesiano. O uso deste material é uma marca registrada do artista. Shonibare debate nesta obra questões que lhe são caras como colonialismo, pós-colonialismo e hibridismo e explora o impacto da imigração sobre todos os aspectos da cultura britânica, considerando as noções de território e lugar, identidade cultural, deslocamento e refúgio. A obra também usa recursos multimídia, a exemplo de iPads.

 Também com presença confirmada está “Skylines”, de El Anatsui, ganês radicado na Nigéria. Nascido em 1944, ele é considerado o mais importante artista africano da atualidade, com grande prestígio na Europa e nos Estados Unidos e foi recém premiado, no dia 9 de maio de 2015, com um Leão de Ouro, na Bienal de Artes de Veneza.

Suas obras estão nas coleções públicas do Metropolitan Museum of Art em Nova York; Museum of Modern Art em Nova York; Los Angeles County Museum of Art; Indianapolis Museum of Art; British Museum em Londres; e Centre Pompidou em Paris, entre outras instituições.

 Muitas das esculturas de El Anatsui possuem formas mutáveis e são concebidas para serem livres e flexíveis de modo que se adaptem visualmente em cada instalação. Ao trabalhar com madeira, barro, metal e, mais recentemente, tampas metálicas de garrafas de bebidas alcoólicas, Anatsui rompe com a tradicional adesão da escultura às formas fixas, embora faça visualmente referência à história da abstração na arte europeia e africana. 

 Outro destaque fica por conta da obra “Cloud Earth Twist”, do nigeriano Bright Ugochukwu Eke. A instalação que vem ao Africa Africans tem inspiração autobiográfica. Após sofrer uma infecção na pele decorrente de uma chuva ácida, Eke desenvolveu a obra que consiste em milhares de sacos plásticos cheios de água acidificada. 

 O trabalho de Eke tem sido exposto em cidades como Durban, Lagos, Londres, Nova York e Verona, entre outras. Bright Eke cria uma arte socialmente orientada, explorando os caminhos pelos quais as pessoas interagem com seu meio. Usando água como tema e meio, ele desafia o espectador a pensar sobre este precioso recurso, politicamente, eticamente e ecologicamente.

ENCONTRO COM OS ARTISTAS – O Museu Afro Brasil irá realizar ainda, no dia 26 de maio, um Encontro Internacional sobre o tema da exposição, trazendo os artistas convidados para um debate com o público acerca de sua produção e de questões levantadas pela exposição e pelos participantes.

 Será produzido também um catálogo trilíngue (português-inglês-francês) sobre a exposição, a mostra de moda e o seminário.

 SERVIÇO: 

 
AFRICA AFRICANS 

Exposição de Arte Africana Contemporânea

 
ABERTURA DA EXPOSIÇÃO

25 DE MAIO – 19H
ENCERRAMENTO
30 DE AGOSTO

 Museu Afro Brasil

Av. Pedro Álvares Cabral, s/n

Parque Ibirapuera - Portão 10

São Paulo / SP - 04094 050

Fone: 55 11 3320-8900

www.museuafrobrasil.org.br

 

Para reflexão: Querem levar nossas escolas para a Idade Média


Querem levar nossas escolas para a Idade Média

Daniel Cara

No dia 10 de junho foi a vez de uma comissão da Câmara dos Vereadores de São Paulo. Porém, em todo Brasil, alguns grupos retrógrados e seus parlamentares querem evitar que as escolas e os sistemas de ensino assumam a necessidade de combater as discriminações de raça, etnia, gênero e orientação sexual. Ao seguir essa toada, o Brasil está regredindo.

Em rodas de conversa sobre educação é comum ouvir que “as escolas brasileiras são do século XIX, nossos professores são do século XX e os alunos são do século XXI”. De tão repetida, a máxima perdeu força… Mas o pior é que algumas instâncias de casas parlamentares indicam que ela está obsoleta. Querem fazer com que nossas escolas regridam à Idade Média.

Nesta semana, devido à pressão de alguns supostos defensores da família, parlamentares da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara dos Vereadores de São Paulo extraíram do Projeto de Lei do Plano Municipal de Educação (PME) todos os mecanismos previstos de denúncia e combate às violências e discriminações de raça, etnia, gênero e religião. Processo semelhante ocorreu com o Plano Nacional de Educação, em Brasília, no Congresso Nacional.

É preciso (re)explicar o absurdo: a Comissão de Finanças e Orçamento da Casa deixou de lado questões relevantes do financiamento da educação, sua atribuição de mérito, para deliberar sobre temas de cunho moral… E fez isso sem qualquer preocupação pedagógica.

Quem conhece as escolas – seja como familiar, profissional ou estudante – sabe que os principais temas de bullying e outras formas de violência no ambiente escolar são exatamente essas discriminações extraídas do texto do PME, somadas aos preconceitos de classe, renda e local de moradia.

Desconsiderar esse fato, sob qualquer justificativa, é inaceitável. Deixar com que a rede pública paulistana deixe de planejar e ter instrumentos essenciais para o respeito à identidade e individualidade dos profissionais da educação, dos familiares, das alunas e dos alunos é um retrocesso grave e uma decisão altamente prejudicial ao ensino e à aprendizagem dos estudantes.

Sob qualquer prisma, toda escola deve promover princípios constitucionais básicos, como a dignidade da pessoa humana, a liberdade de ir e vir e a igualdade entre homens e mulheres.

No mínimo, deve ser consenso que todas e todos têm direito à educação. Infelizmente, é fato que nossas escolas já são espaços inóspitos para gays, lésbicas, transexuais, fiéis de religiões não-cristãs, não-brancos, membros de famílias mais desfavorecidas, nordestinos – o que, reitero, é inaceitável. Nos últimos anos, a cada dia que passa, tem ficado mais evidente a falsidade do mito da tolerância brasileira. E São Paulo, embora se ache diferente, não foge à regra nacional.

Como cidadãos, ao tomar conhecimento do que ocorreu na Câmara dos Vereadores paulistana, pais gays, mães lésbicas, crianças transexuais, educadores que professam o candomblé, por exemplo, têm a consciência de que foram desconsiderados. Em última análise, uma instância da Casa parlamentar da cidade não se preocupou com suas dificuldades cotidianas como membros de comunidade escolares, quase sempre, preconceituosas. Por decorrência, sua cidadania foi desrespeitada. E isso tem acontecido por todo o país.

Em reportagem publicada na Folha de S. Paulo, a jornalista Paula Sperb escreve que procurou, mas não encontrou qualquer menção à suposta “ideologia de gênero” no PME – motivo da ira dos grupos conservadores. Não tinha e não teria. O que existia era uma preocupação em combater os preconceitos mais presentes nas escolas de São Paulo – e também do Brasil. E só. Mas isso foi suprimido.

É preciso ficar claro: não é possível aprender sem paz. Também é impossível ensinar sem ser respeitado. E é inaceitável ver o Brasil dando, a cada dia, um passo para trás.

Extraído do blog do Daniel Cara: