EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DAVID ZINGG
Em 1959, o norte-americano David
Drew Zingg (1923-2000) veio ao Brasil como parte de um seleto time de
profissionais contratados pela editora Abril com a missão de elevar a qualidade
da reportagem fotográfica no país. Desembarcou no Rio de Janeiro e, entre idas
e vindas entre a cidade e Nova York, acabou se fixando por aqui no final de
1964.
Mais de 20 anos depois, já vivendo
em São Paulo, Zingg se aproximou de um jornalista da "Folha de S.
Paulo" durante uma festa e disse: "Meu sonho é trabalhar no 'Notícias
Populares', que tem a melhor edição de fotografia da imprensa brasileira."
Tão controverso quanto popular, o extinto "NP", conhecido pelo bordão
"espreme que sai sangue", era o jornal mais vendido em bancas,
editado pelo grupo Folha.
Fotógrafo badalado, que já havia
passado por veículos como "Life", "Esquire" e
"Vogue", além das principais revistas e jornais nacionais, a
afirmação de Zingg poderia ter soado só como uma brincadeira durante uma festa,
não fosse verdade. Parte da produção das cerca de 20 reportagens que fez no
"NP", durante três meses de 1986, estão na exposição "David
Zingg no Notícias Populares", em cartaz no MIS de 27 de setembro a 4 de
novembro.
Com curadoria de Leão Serva, o então
repórter da "Folha" abordado na festa e hoje colunista do jornal, as
imagens trazem temas típicos da imprensa popular como a vida sofrida em bairros
pobres da periferia, as superstições populares, mulheres em poses sensuais, que
o jornal publicava em suas capas, e os preparativos para a Copa do Mundo no
México. Além de 35 fotos, a mostra exibe capas e matérias do "NP" com
fotos feitas por Zingg.
No curto período, o fotógrafo levou
ao jornal sua marca: fotografou artistas como Odair Cabeça de Poeta e o jovem
Bené Fonteles, um dos destaques da Bienal deste ano, fazendo uma pajelança nas
ruas de São Paulo. Zingg também escreveu para o jornal a nota sobre a chegada
ao Brasil do cantor Tony Bennett, que conhecia dos EUA e fez para a Folha a
foto de Caetano Veloso segurando um retrato de João Gilberto, dos anos 1960.
A mostra é ainda uma oportunidade de
conhecer um pouco mais da história do americano, verdadeiro personagem da
crônica social paulistana que, além de fotografar, participava de shows do
grupo Joelho de Porco, frequentava eventos sempre cercado de amigos, viajava,
escrevia para revistas e se divertia.
Zingg também foi consultor e
cronista da "Folha de S. Paulo", escrevendo, de 1987 a 2000, a coluna
"Tio Dave". Nas inúmeras viagens que fez pelo país em colaborações
para veículos americanos e europeus, o fotógrafo produziu um dos mais
significativos retratos do Brasil dos anos 1970 a 1990, em registros de tipos
populares, da construção de Brasília e retratos de personalidades e músicos da
MPB, uma de suas paixões, como João Gilberto, Os Novos Baianos, Chico Buarque,
Pixinguinha, Leila Diniz, Elke Maravilha, Vinicius de Moraes e Juscelino
Kubitschek.
David Drew Zingg morreu no dia 28 de
julho de 2000, em São Paulo. Seu acervo, composto por mais de 150 mil imagens
fotográficas, documentos e objetos pessoais, passou a integrar o acervo do
Instituto Moreira Salles em 2012, por meio de comodato realizado com seus
descendentes.
Serviço
David Zingg no Notícias Populares
Quando: 27 de setembro a 4 de
novembro (terças a sábados, das 12h às 20h; domingos e feriados, das 11h às
19h)
Onde: Museu da Imagem e do Som
(Avenida Europa, 158, Jardim Europa)
Quanto: R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia)
– entrada gratuita às terças
Mais informações: (11) 2117 4777 e
www.mis-sp.org.br
Classificação: 14 anos